terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O futebol perdeu

É indiscutível que a Portuguesa errou. Um erro tolo, é verdade, mas como tal, deveria ser punida.

O que se discute, é a forma da punição. Poderia ser multa, ou perda apenas dos pontos do jogo que disputou, ou começar o próximo campeonato com pontos negativos.

Por mais que seja a regra, a perda de quatro pontos no Campeonato Brasileiro, culminando com o rebaixamento para a Série B do ano que vem, foi completamente desproporcional ao equívoco lusitano.

Juca Kfouri compara o mesmo a condenar um ladrão de pão à prisão perpétua. Eu já acho que foi o mesmo que sentenciar um ladrão de galinha à pena de morte.

Cada caso é um caso. Mesmo que não se discuta se o clube agiu de má fé ou não, a atuação do meia Héverton, pivô de toda a confusão, por estar suspenso e ter entrado no segundo tempo contra o Grêmio, foi irrelevante. Jogou no máximo 15 minutos e mal tocou na bola. 

Não marcou gol, não decidiu campeonato. Apenas entrou por equívoco da diretoria e comissão técnica. Para eles, Héverton teria pego apenas um jogo de suspensão, cumprido diante da Ponte Preta, na penúltima rodada. O problema é que na sexta-feira, dia 6, houve o julgamento do STJD, condenando o jogador a pegar dois jogos de suspensão, que daria na 38ª e última rodada. A Portuguesa alegou que não foi comunicada pelo advogado, e que a CBF publicou a sentença somente na segunda-feira (9), dia seguinte ao jogo.

Para começo de conversa, não deveria nem existir o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O que menos ocorreu no Rio de Janeiro, foi um julgamento. Por mais brilhante que fosse a defesa da Portuguesa, o que não foi, de nada adiantaria, uma vez que a decisão já estava tomada por unanimidade.

Tomando por exemplo a Europa, lá se sabe a punição que o jogador pegará pelos cartões. Três amarelos, um jogo de suspensão. Dois amarelos e consequente vermelho no jogo, dois jogos. Vermelho direto, três partidas fora. E o resultado é colocado imediatamente no site da federação local. Um modelo simples, transparente e sem o teatro do STJD.

No meio disso tudo, mais uma vez o Fluminense é beneficiado e consegue escapar da Série B. Vale ressaltar que desta vez não se pode caracterizar como "virada de mesa", uma vez que o erro foi todo da Portuguesa, que irá recorrer ao pleno do STJD e, se necessário, à Justiça Comum. 

Apesar de o Tricolor das Laranjeiras dizer que nada tinha a ver com a história, mandou um advogado por ser parte interessada no caso. E o advogado se mostrou bastante motivado.

Os engravatados do STJD conseguiram fazer com que o Fluminense passe a ser, em 2014, mais odiado do que o Corinthians. Por cada canto em que o Tricolor das Laranjeiras for jogar, será vaiado pela torcida adversária. Algo que poderia ser evitado, se fosse mantido o resultado dentro de campo.

É claro que patrocinadores, dirigentes, TV, possuem muito mais interesse em ver o Fluminense na Primeira Divisão do que a Portuguesa. Torcida maior, com jogadores conhecidos e outras vantagens. E partiu da CBF, a pergunta ao STJD, se Héverton atuava com efeito suspensivo. Não fosse isso, o caso poderia ter passado batido.

Foi a CBF, também, quem convidou o Fluminense a disputar a Copa João Havelange em 2000, quando o time carioca deveria disputar a Série B. E os demais clubes concordaram, pois assinaram o regulamento da época. Mas nada dessas explicações adianta. Para o torcedor, o Fluminense será sempre o time do Tapetão, e essa marca será difícil de apagar.

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